Legenda: (Revista Science)
Estudo publicado no dia 30/10/25 na revista Science demonstra que chimpanzés, nossos parentes evolutivos mais próximos, têm capacidade de mudar de ideia e fazer novas escolhas de acordo com as evidências e circunstâncias vivenciadas. Esta capacidade, em linhas gerais, é a base do conceito do que podemos chamar de pensamento racional – que, até então, era classificado como uma característica distintiva dos seres humanos.
A novidade é que os resultados deste novo estudo, conduzido por cientistas holandeses com chimpanzés no Santuário da Ilha Ngamba, em Uganda, se constituem em um forte suporte à visão de que os chimpanzés possuem capacidades metacognitivas (refletir sobre o próprio pensamento) genuínas.
“Eu acho que temos as evidências para dizer, ok, não, a racionalidade em sua forma fundamental não é exclusivamente humana, mas também compartilhamos alguns processos básicos dela com os chimpanzés,” disse Hanna Schleihauf, psicóloga da Universidade de Utrecht, uma das autoras do estudo, para o New York Post.
O estudo realizou um total de 5 experimentos calcados no modelo estatístico bayesiano, para revisão de pensamento racional. Abaixo está a descrição dos dois primeiros experimentos (imagem). Para saber mais detalhes, veja a publicação do estudo na Science – https://www.science.org/doi/10.1126/science.adq5229
Figura 1. Procedimento dos Experimentos 1 e 2.
(A) Experimento 1, condição com evidência fraca primeiro: Os chimpanzés primeiro receberam evidência fraca (evidência auditiva: sacudir a caixa com um pedaço de madeira dentro) para uma das caixas e fizeram uma primeira escolha. Depois, receberam evidência forte (evidência visual direta: ver dentro da caixa através de um vidro) para a outra caixa e fizeram uma segunda escolha. Condição com evidência forte primeiro: Os mesmos tipos de evidências foram apresentados, mas em ordem inversa.
(B) Experimento 2, condição com evidência fraca primeiro: Os chimpanzés primeiro receberam evidência fraca (evidência visual indireta: ver vestígios da comida atrás da caixa) para uma das caixas e fizeram uma primeira escolha. Depois receberam evidência forte (evidência auditiva: sacudir a caixa com uma cápsula plástica contendo amendoins dentro) para a outra caixa e fizeram uma segunda escolha. Condição com evidência forte primeiro: Os mesmos tipos de evidências foram apresentadas, mas na ordem oposta.
Nota: As setas vermelhas indicam que a caixa foi girada (Experimento 1) ou movida para o lado (Experimento 2) para revelar a evidência visual.
Nos Experimentos 1 e 2, além da condição com evidência fraca primeiro e da condição com evidência forte primeiro, os chimpanzés também participaram de testes preenchidos, nos quais receberam uma única evidência, fizeram uma única escolha, e receberam o conteúdo da caixa escolhida na primeira escolha (não houve segunda evidência nem segunda escolha). Os testes preenchidos foram incluídos para que os sujeitos não pudessem, em nenhum teste, prever se sua primeira ou segunda escolha contaria.